Da Pindaíba até a Liberdade Financeira
De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento das famílias brasileiras chegou a 79% em agosto de 2022. Isso quer dizer que a cada 10 famílias, 8 estão endividadas. Já a inadimplência, medida pelo atraso no pagamento de contas de consumo ou de dívidas, ficou em 29,4% no mesmo mês.
Uma das principais causas apontadas pela CNC para o endividamento está relacionada ao aumento de dívidas com carnês e cartões de lojas de varejo, principalmente pelas famílias de mais baixa renda.
A utilização do crédito fácil do cartão, que possui a maior taxa de juros do mercado (podendo chegar a 875% ao ano!) e o descontrole do orçamento doméstico geram um efeito bola de neve capaz de manter famílias na pindaíba por gerações.
Mas como eu faço para sair da pindaíba?
O segredo para sair da pindaíba é economizar, aumentar sua renda e investir melhor.
Embora o método seja simples, sair da pindaíba requer muita disciplina e trabalho, além de alinhamento com todos os integrantes da família para garantir maior chance de sucesso.
1. Economizar
O primeiro passo é analisar com o que você e sua família estão gastando dinheiro para poderem elencar as prioridades e cortar os gastos desnecessários. A participação de todos os entes da família nessa etapa é fundamental, pois todos têm que ter consciência do problema para que os interesses estejam alinhados e a chance de sucesso seja maior.
Feita essa primeira análise, é preciso elencar as prioridades da família: aluguel, escola particular, plano de saúde, seguro do carro, serviço de streaming etc. Tudo o que não for essencial pode ser cortado. Claro que cortes muito radicais podem não ser tão eficazes e, de nada adianta economizar se você e sua família não tiverem qualquer tipo de lazer. Então, vale ponderar bem os gastos que sejam realmente importantes para a saúde financeira e emocional da sua família.
O ideal é cortar os gastos supérfluos. Exemplos de gastos que podem ser facilmente cortados são itens colecionáveis, gastos com delivery de comida, troca de celular que você comprou há menos de 2 anos, desperdício de energia e água, serviços de streaming, TV a cabo, academia cara e que você mal usa e até mesmo o álbum de figurinhas da Copa do Mundo!
Além disso, adiar aquele sonho de trocar o carro por um novo e de viajar para o exterior pode ser uma ótima decisão financeira. Se o carro estiver em boas condições e não precisar de muita manutenção, talvez seja melhor esperar mais um ou dois anos antes de trocá-lo. Mesma coisa em relação à viagem. Muitas vezes, viagens ao exterior chegam a custar um carro popular. Se você e sua família estão endividados e pagando juros altos ao banco, o melhor a se fazer, por enquanto, é cortar esses gastos e adiar a troca do carro e aquela viagem para o exterior até que todas as dívidas estejam pagas.
Outra opção é mudar de casa ou apartamento se o seu aluguel e/ou condomínio estiverem muito altos e não for mais financeiramente sustentável continuar onde vocês moram. Tudo isso deve ser ponderado com os custos que você terá de mudança, reforma etc.
No artigo 8 Dicas Incríveis para Economizar Dinheiro, nós falaremos sobre outras formas de economizar e ideias de gastos que podem ser facilmente cortados. Fique ligado!
2. Aumentar renda
Bom, depois de você e sua família cortarem todos os gastos possíveis e razoáveis, o próximo passo a ser dado é achar formas de aumentar sua renda.
Se você é trabalhador assalariado com carteira assinada, provavelmente tem um teto do quanto pode ganhar na função que desempenha. Às vezes é possível fazer hora extra e aumentar o ganho no fim do mês. Em outros casos, você pode negociar com seu chefe um aumento salarial, uma promoção ou participar de um processo seletivo para uma vaga em outro departamento de sua empresa, ou até mesmo para outra empresa que garanta um salário maior e/ou mais benefícios.
Se você for autônomo ou empreendedor, provavelmente sua principal forma de aumentar renda é vendendo mais seu produto ou serviço, por meio da geração de novos leads, buscando novos clientes, aumentando seus esforços com marketing e com sua rede de contatos, dando mais plantões (no caso de enfermeiros e médicos, por exemplo) ou dando aulas particulares, aulas de reforço, aulas de música etc.
No caso de servidores públicos, como há uma série de regras que devem ser observadas e limitações impostas pela legislação para o exercício de atividades econômicas, trataremos disso em outro artigo.
Apesar das diferenças entre as categorias acima, algumas atividades podem ser feitas por todos: vender itens que estejam parados ou sem uso em casa (violão ou teclado empoeirado; skate, patins ou bicicleta que ninguém mais usa; videogame; roupas antigas, mas que estejam em bom estado; computador antigo ou celular reserva, aquele equipamento de academia que você comprou na pandemia e nunca usou etc.), vender itens de amigos e ficar com uma comissão, fazer marmitas, tortas, doces ou outros produtos para vender, aprender sobre marketing digital e oferecer seu serviço para empresas que estejam precisando de ajuda para divulgar melhor seus produtos etc. Se a pandemia mostrou algo sobre o brasileiro é que a criatividade é sem limites e há várias formas de ganhar mais renda.
Outras ideias de formas de ganhar renda extra serão abordadas em outro artigo.
O resultado pode não vir imediatamente, mas persistindo e melhorando cada vez mais seu trabalho, seu produto ou seu serviço, você verá que é capaz de aumentar a renda doméstica para quitar suas dívidas e sair da pindaíba.
3. Investir melhor
Embora seja possível enriquecer com loterias, a probabilidade de isso acontecer é de uma em milhões. E nada adianta ganhar na loteria se você não investir o valor (ou parte dele) para preservar seu dinheiro para o futuro.
Há inúmeras histórias de pessoas que ficaram milionárias com loterias, mas que perderam tudo o que tinham tão rápido quanto ganharam. Isso porque pensaram apenas no dia de hoje e nos prazeres que gostariam de usufruir agora, sem se lembrarem de que a probabilidade de morrerem no dia seguinte é muito menor do que a de viverem até os 80 anos ou mais.
Por que investir?
Investir é o que fará com que seu patrimônio cresça e seus sonhos saiam do papel. Uma vez quitadas as dívidas, seu objetivo tem que ser o de guardar uma parte do seu salário ou da sua renda extra para investir a fim de atingir sua liberdade financeira. Fazendo isso consistentemente você garante um futuro melhor para você e para a sua família.
Para exemplificar o poder do investimento, vejamos na tabela abaixo a comparação dos resultados em 10, 20 e 30 anos caso você só poupasse R$ 100 por mês e caso você investisse os mesmos R$ 100 todos os meses a uma taxa de juros de 12% ao ano:

Em resumo:
- Ao final de 10 anos, você teria investido R$ 12.000,00, teria um ganho de R$ 9.058,48 de juros e teria um patrimônio acumulado de R$ 21.058,48;
- Ao final de 20 anos, você teria investido R$ 24.000,00, teria um ganho de R$ 62.462,93 de juros e teria um patrimônio acumulado de R$ 86.462,93; e
- Ao final de 30 anos, você teria investido R$ 36.000,00, teria um ganho de R$ 253.599,22 de juros e teria um patrimônio acumulado de R$ 289.599,22.
Entre guardar R$ 36.000,00 embaixo do colchão e investir para que esses mesmos R$ 36.000,00 virem R$289.599,22, qual você prefere? Deixe os juros trabalharem a seu favor!
Por onde começar?
Investir não é difícil e você pode começar de diversas formas. O primeiro passo é identificar o seu perfil de investidor e, em seguida, definir uma estratégia para cada investimento.
O perfil de investidor vai indicar qual é o seu apetite ao risco. Existem basicamente três tipos de perfil de investidor: conservador, moderado e arrojado (ou agressivo). A depender do seu perfil, você deverá alocar uma parcela maior da sua carteira para investimentos de renda fixa (conservador-moderado) ou para renda variável (moderado-arrojado).
Os principais critérios levados em consideração quando da elaboração de um perfil de investidor são: segurança, liquidez e rentabilidade.
- Segurança está atrelada à possibilidade de oscilação do valor do investimento feito e de possíveis perdas. Por exemplo, os investimentos mais seguros (ou seja, com menor risco de perdas ou de falência do emissor) são os títulos do Tesouro Direto, que são títulos de dívida emitidos pelo Governo Federal e que pagam exatamente o que está descrito no título no momento da compra caso os títulos sejam mantidos até os seus vencimentos (veremos os diferentes títulos emitidos pelo Tesouro Direto em um artigo específico). Mesmo que o Brasil entre em recessão econômica, o Governo Federal pode simplesmente emitir mais dinheiro para honrar com suas dívidas (isso geraria diversos outros problemas, como inflação, como veremos em outro artigo). Já ações negociadas na bolsa podem valorizar muito, mas também podem cair muito, como foi o caso de algumas varejistas recentemente.
- Liquidez significa possibilidade de resgate do investimento em maior ou menor tempo. Há investimentos que só poderão ser resgatados alguns anos à frente, outros que possuem liquidez diária (ou seja, podem ser resgatados a qualquer momento) e outros, como ações e fundos imobiliários, que podem ser vendidos e resgatados com facilidade, mas que podem sofrer oscilação em seu valor de mercado, de modo que não é recomendável investir nessas classes de ativo a curto prazo.
- Rentabilidade diz respeito ao potencial de retorno do investimento feito em relação ao valor investido. Por exemplo, a Poupança ainda é o investimento mais utilizado pelos brasileiros, tendo mais de R$ 1 trilhão depositados. Todavia, é um dos investimentos com menor rentabilidade do mercado. Por outro lado, ações, fundos de investimento, fundos imobiliários, criptomoedas e outros tipos de ativos podem render muito mais que a poupança.
Esses três critérios são levados em consideração para a identificação de seu perfil de investidor e guiarão sua jornada no mundo de investimentos, mostrando quais são as classes de ativos mais recomendáveis para o seu perfil e qual percentual da sua carteira deverá ser alocado a cada classe de ativo.
Seu perfil de investidor não é algo imutável e pode evoluir ao longo de sua jornada de investidor. Conforme mais experiência vai sendo adquirida e mais reserva financeira é montada, maior pode ser seu apetite a risco, por exemplo. Por outro lado, conforme você vai envelhecendo, maior pode ser sua preferência por títulos de renda fixa, que lhe permitam ter maior segurança e expectativa mais clara de quanto terá após sua aposentadoria.
Você pode fazer o teste de perfil de investidor em diversos sites e plataformas, inclusive nas próprias corretoras de investimento e em bancos. Falaremos mais sobre perfis de investidor e carteiras recomendadas no artigo Por Onde Começar a Investir?.
Já a estratégia para cada investimento está relacionada a qual uso você dará para cada aplicação financeira. Você está investindo para comprar uma casa, viajar, comprar um tênis, formar sua reserva de emergência…? As possibilidades são infinitas e cada tipo de objetivo demanda uma estratégia de investimento diferente.
Por exemplo, se você quer juntar dinheiro para viajar no final do ano, não faz muito sentido aplicar em um investimento do Tesouro Direto que vence só dali a mais de vinte anos, como é o caso do Tesouro IPCA+ 2045. Esse tipo de título pode fazer mais sentido para sua aposentadoria.
Do mesmo modo, comprar ações com o mesmo objetivo de viajar no final do ano (ou seja, curto prazo) pode não ser a estratégia mais recomendável, pois, assim como o valor da ação pode subir muito, ele também pode despencar e você não ter tempo de recuperar o valor até o momento em que você precisar resgatar o investimento para sua viagem.
Para um investimento de curto prazo, faz mais sentido investir em títulos do Tesouro atrelados à variação da SELIC ou em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), de curto prazo ou de liquidez diária. Isso porque seu investimento estará livre de oscilações e permitirá que você tenha maior previsibilidade do valor que receberá no momento da sua viagem.
Por esses motivos, todo investimento deve ser feito de acordo com o seu perfil de investidor e com uma estratégia bem definida e alinhada com seus objetivos de vida.
Nos próximos artigos vamos tratar dos diferentes tipos de investimentos, traremos dicas de como montar uma carteira de investimentos que seja adequada ao seu perfil, tiraremos dúvidas muito comuns sobre como economizar, gerar renda extra, quitar suas dívidas e investir melhor. Tudo para você poder dizer Xô à Pindaíba!
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